Falece aos 80 anos Frei João Alves Filho em Bragança Paulista

Faleceu na noite deste domingo, dia 16 de fevereiro de 2020, aos 80 anos, Frei João Alves Filho, no Hospital Universitário São Francisco na Providência de Deus (HUSF), em Bragança Paulista, SP. Segundo relato do guardião da Fraternidade, Frei Carlos Carlos Körber, Frei João Alves retornou de um período de férias com a família no sábado, dia 09 de fevereiro, já se queixando de dores no ombro. Diante da queixa, Frei Carlos marcou uma consulta para segunda, dia 11. No entanto, no domingo à tarde os sintomas pioraram e Frei João passou a se queixar de “dores insuportáveis em todo o corpo”. Diante do agravamento da situação, foi conduzido por ambulância até o HUSF, onde foi diagnosticada uma pneumonia. Em seguida, o confrade foi encaminhado para a UTI e entubado.

Na semana que se passou, Frei João esteve sempre em estado de inconsciência, embora apresentasse certa estabilidade no quadro geral. Na última sexta-feira, diante de alterações nos exames de sangue, passou por uma sessão de hemodiálise, procedimento que foi repetido no dia seguinte. A expectativa da equipe médica era que as sessões fossem favorecer a recuperação do confrade. No entanto, o efeito esperado não ocorreu. Neste domingo, 16, pelas 20h, Frei Carlos Körber e Frei Thiago Hayakawa estiveram no Hospital e perceberam o visível enfraquecimento de Frei João.  Perto da meia-noite, Frei Carlos foi chamado ao HUSF onde recebeu a notícia de que o confrade falecera pelas 22h. A missa de corpo presente aconteceu na capela do Seminário Frei Galvão, em Guaratinguetá, hoje, dia 17 de fevereiro, às 16 horas. O sepultamento foi logo em seguida no mausoléu dos frades.

Dados pessoais, formação e atividades

– Nascimento: 24.01.1940 (80 anos de idade)

– Pratápolis, MG.

– Vestição: 20.01.1970 – Rodeio

– Primeira Profissão: 21.01.1971 (49 anos de Vida Franciscana)

– Profissão Solene: 11.09.1976

– Ordenação Presbiteral: 30.06.1984 (36 anos de Sacerdócio)

– 1977 – 1982 – Petrópolis – estudos de Filosofia e Teologia;

– 22.06.1983 – Blumenau – a serviço do Colégio Santo Antônio;

– 21.01.1986 – São Lourenço – vigário paroquial;

– 10.01.1995 – São Lourenço – vigário da casa;

– 07.03.2002 – São Lourenço – guardião e pároco;

– 07.11.2003 – Guaratinguetá/Graças – atendente conventual;

– 20.12.2006 – Guaratinguetá/Graças – coordenador da fraternidade

– 08.05.2008 – Amparo – vigário paroquial

– 17.12.2009 – Bragança Paulista – tratamento

 

O frade menor

Frei João nasceu na pequena cidade de Pratápolis-MG, em 1940. É o terceiro filho de uma família de oito irmãos. Vendo nos seus pais, João Alves Martins e Judite Lúcia de Oliveira, o testemunho de uma fé viva, manifestava desde cedo o desejo de ser padre. As condições financeiras, porém impediam. Por morar na zona rural, passou por muitas dificuldades para ingressar nos estudos. Seus pais chegaram a contratar um professor aposentado para ensinar os filhos. Antes de ingressar na formação franciscana havia entrado em contato com os claretianos. A idade mais avançada, para a época, e a baixa escolaridade foram obstáculos superados. Além de filosofia e teologia, cursou administração de empresas, curso concluído em 1977. Publicou em 1991, um livro de 89 páginas. Um romance: “Entre dois Espelhos”. Um sonho que gostaria de ter realizado era o de cursar psicologia. Dizia querer ajudar os seres humanos e continuar seu processo de realização humana e cristã. No seu autorretrato, diz de si: “sou filho de uma família simples; sou humilde, pobre, honesto, amo a vida e as pessoas, gosto do que faço, de tudo que faço com empenho e muito amor. Detesto a mentira, a arrogância e a falsidade. Sou paciente e objetivo”.

Grande parte de sua vida foi dedicada ao serviço à cidade de São Lourenço-MG. Lugar que sempre recordava com muita saudade. Por ocasião de sua despedida da cidade e da entrega da Paróquia à Diocese de Campanha, disse: “se pudesse voltar atrás daria mais atenção aos excluídos e marginalizados sociais, aos carentes, política e espiritualmente. Aperfeiçoaria meu humanismo, seria mais profético, denunciando mais as injustiças”…

Frei João Alves afirmava que os franciscanos deixavam pelos lugares onde passavam as raízes espirituais do modo de ser, de atender, de conscientizar, a simplicidade, a vocação para a fraternidade e a defesa da ecologia.