FUNDAÇÃO DA CIDADE DAS ÁGUAS, ÁGUAS DE SÃO LOURENÇO

 

*Por Ricardo Mendes 

 

Um tema constante e essencial em meu interior é o amor da terra de São Lourenço, uma herança de meus antepassados, uma reação desenvolvida desde a infância por esta Estância Hidromineral. Provavelmente uma vocação para a vida rústica e saudável, uma busca pela cura do corpo e da alma. É um amor interno, secreto, que tento decifrar a vida inteira, o amor de uma cidade que faz irmos atrás da eterna busca de nós mesmos e que sempre empenhados andamos.

São Lourenço é para mim como um mosteiro beneditino, que coloca o homem diante de si mesmo. O Parque das Águas com suas fontes medicinais, as montanhas que nos circundam, a vida em uma cidade interiorana e em Minas Gerais, propicia o diálogo interior, é um confessionário em que cada canto faz com que digamos toda a verdade do fundo da alma, jogando fora toda falsidade que a vida da cidade grande cria nos seus habitantes, pois quem ama nossa urbe mineira sempre vive da sua autenticidade, que na verdade, existe no fundo de cada alma humana.

Uma fonte de sinceridade e despida de ambição é o que sinto quando vivo o silêncio, o isolamento e a simplicidade da vida numa cidade pequena com apenas

58,019 km², retornando o pensamento nos seus fundadores e pioneiros, achando ainda um resto de história viva, física e real, lamentando a história destruída, sobrando apenas a memória fotográfica.

O homem da metrópole sonha com o interior, já o homem do interior, ao contrário, até hoje só pensa na metrópole. A nossa cidade precisa ser protegida. Portanto, ouso esperar que os fundadores e pioneiros de São Lourenço encontrem espíritos que pensem, como eu penso, que só uma cidade verdadeiramente do interior, com uma pura vida interiorana, possa trazer de novo uma sociedade com medidas mais humanas e harmoniosas de uma vida social.

Para que São Lourenço possa ser fiel a si mesma, sem se deixar levar por políticas ou ideias intelectualmente estranhas, precisa se resguardar de ideias erradas de um progresso urbano sem estrutura territorial para isso e se voltar para a pequena cidade, para as águas minerais gasosas com curas milagrosas e trazendo os veranistas ´´Aquáticos“ para a natureza, para o velho refúgio onde o homem consegue se por consigo mesmo.

Fazemos memória hoje dos 131 anos da assinatura do decreto oficial do governo de José Cesário de Faria Alvim, primeiro Presidente de Minas após a proclamação da República, no início da última década do século XIX, em 4 de julho de 1890, dando a concessão para exploração das águas minerais, fundação de São Lourenço. Foi fundada a cidade das águas, Águas de São Lourenço.

Escrevo como mineiro por opção e sanlourenciano de coração, triste por não ser, mas escolhendo e vivendo em São Lourenço como se fosse minha terra natal, dedicando este artigo de tamanho diminuto, ao fundador de São Lourenço Bernardo Saturnino da Veiga e aos pioneiros, como companheiros que tantas coisas me tem ensinado com suas memórias nestes dias simples e humanos, amigos da solidão das almas singelas dos saudosistas de uma vida pura como a água da fonte, prolongando em mim mesmo uma vibração, uma transferência profunda dos elementos essenciais, onde estão fincadas as raízes cristãs dos mais altos valores da vida, porque Deus habita no meu coração e eu habito em São Lourenço.

Fotos: Livro "São Lourenço a feliz cidade" da autora Tereza de Jesus Vallejo Oliveira.

1- Primitiva casinha de taipa que oferecia abrigo aos primeiros “ Aqüistas”.

2- Bernardo Saturnino da Veiga- Fundador da cidade.

 

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